Interview for Folha de São Paulo by Gustavo Soares. Read the original article here: https://www1.folha.uol.com.br/tec/2022/07/conheca-as-principais-empresas-de-games-do-brasil.shtml
Nem só de jogadores vive a indústria de games brasileira. Ela também produz. O número de estúdios de videogames no país mais que dobrou entre 2018 e 2022, impulsionado pela pandemia e pela adoção de novos modelos de negócio.
Hoje, existem 1.009 desenvolvedoras formalizadas no país, segundo a Pesquisa da Indústria Brasileira de Games 2022, divulgada pela Abragames (Associação Brasileira das Desenvolvedoras de Jogos Eletrônicos) no BIG Festival.
Isso representa um crescimento de 152% em relação a 2018, quando o setor contava com 375 empresas. Em 2014, eram 133.
“Neste momento, o mundo todo está olhando para o setor de games como sendo o futuro, com grande potencial econômico. Muito dessa vontade de empreender dentro desse mercado é porque agora, no Brasil, temos um nível de maturidade que já reduz as incertezas. Hoje é uma coisa com a qual você não fica tanto em dúvida se pode dar certo ou não”, disse Rodrigo Terra, presidente da Abragames.
Segundo a consultoria Newzoo, o mercado de videogames deve movimentar US$ 203,1 bilhões (R$ 1 trilhão) em 2022, um crescimento de 5,4% em relação a 2021.
No país, o setor dá sinais concretos de maturidade. A Pesquisa Game Brasil, divulgada em abril, mostrou que 74,5% dos brasileiros afirmaram ter o costume de jogar videogames. Títulos independentes e de baixo orçamento produzidos por aqui, como “Unsighted”, atingiram visibilidade internacional no ano passado. Empresas fora do ramo tentam conversar com um público mais jovem recorrendo à identidade gamer.
Mas as desenvolvedoras brasileiras não sobrevivem apenas do mercado interno. Segundo a pesquisa da Abragames, 57% das desenvolvedoras tiveram receitas internacionais em 2021. Isso porque plataformas digitais como Apple Store, Google Play e Steam facilitam que títulos sejam comercializados em qualquer parte do mundo.
“Um estúdio de games hoje já nasce internacionalizado. As plataformas de distribuição de jogos digitais tocam quase todo o território do planeta, e isso faz com que o jogo feito no interior do Brasil possa ser distribuído globalmente”, afirma Rodrigo Terra.
A produção também cresce. Os 223 estúdios que responderam à pesquisa da Abragames desenvolveram 715 jogos em 2020. Em 2021, foram 901, um crescimento de 26,3%.
A Pesquisa da Indústria Brasileira de Games 2022 ainda destaca as dez maiores empresas de jogos do país, classificadas conforme o número de funcionários registrados no LinkedIn. A Folha falou com três delas.
KOKKU
Fundada em 2011, a Kokku é uma empresa especializada na prestação de serviços como codesenvolvimento e desenvolvimento de jogos (CoDev e FullDev), e produção de artes conceituais e 3D para games de celulares, consoles e PCs.
Nos últimos anos, trabalhou com estúdios como Activision e TreyArch, em “Call of Duty Black Ops: Cold War” (2020), e Guerrilla Games, em “Horizon Zero Dawn” (2017) e “Horizon Forbidden West” (2022).
Também desenvolveu títulos com propriedades intelectuais de outros segmentos, como a expansão do game “Roblox” baseada em “Stranger Things”, da Netflix.
“A gente queria pertencer ao mundo das maiores franquias, trabalhar com as maiores empresas e fazer os jogos mais desejados”, explica Thiago de Freitas, CEO da Kokku. “A parte mais importante de ter uma empresa como essa, que trabalha com grandes franquias, é investir em relacionamento, que é o que vai gerar as oportunidades”.
“Temos uma indústria cada vez mais madura, com mais educação para desenvolvimento de profissionais e uma região relativamente estável. Nos próximos cinco anos, o Brasil deve despontar entre as dez maiores potências de desenvolvimento de jogos”, disse Freitas.